segunda-feira, 12 de março de 2018

MÚSICA - DJESS

Visibilidade, Exposição, Poder, Perseverança...palavras que estavam na minha cabeça pra divulgar uma profissão que as pessoas julgam ser um glamour sem esforço. antes de mais nada, saiba que  tudo nessa vida exige do ser humano algum esforço ou sacrifício, seja qual for o ato em questão. 

Hoje trago pra vocês DJESS ! Mulher, Jovem, Negra, Iniciante(Segundo ela mas não meus ouvidos e Quadris  ...e sobretudo : TALENTOSA. 


L
Campanha Publicitária, PPxx16
Edit:  Luca F. Dalla Torre

Degustem : 

LDT: Me conta um pouco sobre seu nome no meio – como ele aconteceu , e o porque...

DJESS: Então, isso aconteceu com a junção de duas palavras (deejay e o meu nome) e a vontade de ter as pessoas me chamando de Jéss (Jazz), diminutivo nominal que eu gosto, e não de Jéh, Jéka, Jessy, etc... Ai, quando eu fui escolher meu nome como deejay eu pensei em algo como TheJazz (A Jazz), apontando que era eu, sabe? (risos) mas quando mandei um áudio pra um amigo falando “Pensei num nome como TheJazz e tal..”, ele me respondeu com “Amei, DJESS, vai ficar autentico! Ai levei a escrita dele em consideração e uso até hoje.

LDT : Fala um pouco sobre a primeira vez que você tocou como DJ, você estudou, fez alguma aula ou já foi metendo a cara ?

DJESS: A primeira vez real oficial que toquei como deejay foi na primeira festa que participei no LaCasa. Nunca havia tocado em baladas antes dessa primeira oportunidade e foi algo super interessante de se fazer. Cheguei super metendo a cara. Fui desafiada por um grupo de amigos e eu, escorpiana, fiz dele minha meta pessoal haha. E ai já se vão 2 anos nesse ‘ramo’.

LDT : Como você acha que o seu trabalho é visto pelas pessoas ? Conta um pouco sobre as partes boas , as glamourosas e as partes ruins ...

DJESS : Pelo público  varia, eu  me considero uma DJ bem chata sabia, eu  não toco diversos estilos musicais, é uma escolha minha mas tipo hoje que nas baladas tocam Simone e Simaria, toca Funk, etc. Eu sou  meio neutra nessas questões, e não toco entende, Funk Proibidão, coisas que  vão contra a minha militância, eu não toco. Então acho que as vezes tem gente que fala 'a Jess é chata, não toca tal estilos', mas também acho que muita gente gosta e fala que eu mando bem. Então varia tem sempre alguém que  vai me achar um saco, tem gente que acha muito legal, muito boa, eu acho que  tenho muito ainda a fazer. A minha familia acha que as vezes eu  perco tempo , eles tem os julgamentos ...no começo tinha mais , agora é mais tranquilo, ante eu saia  no final de semana e minha mãe já soltava os cachorro, hoje não . E eu também não quero levar pro meu futuro, não quero trabalhar como DJ o resto da vida, é um Hobbie total, pra mim é uma coisa boa e esse Hobbie me levou a conhecer muitas coisas que eu sou grata . 

LDT : Você vê uma coletividade no seu meio artístico e profissional ? Acha que isso varia muito de cada um ?

DJESS : Rola se você tem pessoas que já eram próximas de você antes de entrar nesse meio, ai rola mais uma assistência, dicas, trocas, essas coisas. Mas quando se é iniciante, totalmente lost in te space, rola uma distancia porque talvez tudo seja novo pra ela. As pessoas, as festas, os lugares, etc.. então acaba rolando uma auto reclusão, entende? Você não chega e também não vai e, pra ir, tem que ter audácia messssmo.

LDT : Como você se vê como DJ ?

DJESS : Hoje, como deejay, eu ainda me vejo como iniciante, só que com nível de experiência. Ainda rola frio na barriga, ainda rola insegurança e preocupação com a percepção do público. Lógico que tudo depende do lugar, mas usando como exemplo um lugar que sou residente atualmente, que é o Porca Miséria, eu ainda sinto um receio com o publico, pois a pista do Porca foi e ainda é a mais exigente que eu já enfrentei. Lá eu também tive a minha primeira dificuldade e opressão no meio, o machismo. Eu fiz muito macho que torcia o nariz quando eu subia pra tocar engolir cebola enquanto batia a bunda ou fazia passinhos com a banca de amigos. O Cabelo (Luis Simonetti), um dos caras do meio do ramo que mais amo, admiro e tenho um carinho mega especial, é um mestre na arte, tem 22 anos na profissão e me passou, em pouco tempo, lições que sempre guardarei pra vida, além da nossa amizade. Perto dele, eu não me sinto nem 1%, apesar dele me elogiar bastante haha, mas entende o que eu quero dizer? Eu, como deejay, me sinto muito pouca perto dos mestres que tem anos de discotecagem por ai, como ele, como o Sleep (do Haikaiss/Damassaclan), -inclusive eles são amigos-, o Dj Kefing, KL Jay, os meninos do Tropkillaz (Laudz e Zegon), o Dj 3D (deejay da Tássia Reis), DJ Willão (daí de sjcity) entre outros que tive a oportunidade de conhecer e conversar sobre isso. Eu respeito e respeito todos eles porque, enquanto eu mamava nos peitos da minha mãe, eles já estavam fazendo partys em porões, garagens, ‘festivais’, essas coisas.

LDT : Você já se deparou com grandes decepções no seu trabalho ? já pensou em desistir ? o que te faz tocar tão bem e continuar ?

DJESS : OH, MAIS É CLARO! Ser deejay nunca foi o que eu sempre quis ser e até hoje digo que a profissão pra mim é um hobby. Já passei por várias buchas nessa estrada. Sou mulher e tem gente que tira a gente de otária na cara dura e isso aconteceu comigo várias vezes num passado nem tão distante. É você tocar e não te pagarem, acharem que estão te fazendo um favor ao te colocarem no line up de um evento. É achar que, só porque você é mulher, você é menos que todo mundo. É te fazer passar um certo papel de ridículo sabe.. Eu já quis desistir milhares de vezes, mas a minha geração não é uma geração intimidada, ou eu não me deixo ser uma mulher intimidada (não entenda intimidade com não ser tímida porque eu sou tímida as vezes meu deus do céu) e ao invés de dar o prazer àquele que quer me derrubar, dou meu afronte e a minha capacidade e faço a pessoa se arrepender de ter me gorado (ela é nervosa ela).

LDT : Qual a melhor coisa que um DJ pode sentir ao terminar a noite ou ouvir dos expectadores ?

DJESS : É um combo de se sentir bem com o trabalho que fez mais o elogio do público. Ouço de algumas pessoas que eu as contagio na hora que estou tocando porque eu também aproveito o meu som, sabe? Danço canto, me animo e o meu ânimo acaba sendo passado para as pessoas.

LDT : Me conta sobre 3 situações : Uma engraçada , Uma maravilhosa e Uma Ruim , que já tenha acontecido durante o seu set ...

DJESS : Uma ruim foi na primeira vez que toquei num lugar e eu estava sozinha, sem amigos e sem meu companheiro daquela época. Quando subi pra tocar, todos os machos que me gongavam lá vaiaram e saíram da frente do palco. EU NEM TINHA COLOCADO MÚSICA E ELES JÁ TINHA FEITO AQUILO. Uma engraçada foi a reação do público quando toquei a famosa Gringo, da Banda Uó. As reações (boas) do público com as músicas são sempre as que mais nos animam (RISOS). Agora, dois momentos que achei um HINO foram com duas músicas, em datas e festas diferentes. Uma ocorreu numa festa de aniversário que comemorei no LaCasa e, quando eu toquei The One That I Got Away, da Katy Perry. Outro momento memorável foi quando toquei Sweet Nothing, da Florence Welch & Calvin Harris, na 3ª edição do Baile das Peruas.

LDT : O que você recomenda pra quem pensa em ser DJ ?

DJESS : Eu recomendo que a pessoa escute muita música e não só aquele estilo musical que ela tem afinidade. Ser deejay é conhecer e disponibilizar ao público música, seja nova ou velha e diversos estilos. Assistir mais documentários que falem sobre os estilos musicais, como os que falam sobre o hip-hop, os que contam a história do rock ‘n roll, movimentos vanguardistas e tudo mais. Todos os grandes movimentos que ocorreram em todas as décadas tiveram uma trilha sonora e é importante uma pessoa saber o porquê de tudo isso..Além de escutar músicas, tem que estudar técnicas também. Se você pensa em fazer isso de uma forma profissional mesmo, com toca discos, vinil e tudo mais, querido, tem que estudar e comer muito arroz com feijão.

LDT : O que você diz para quem se sente desmotivado ?

DJESS : Eu  acha  que se é algo que a pessoa quer muito, que ela deve ir atrás, é uma indústria muito grande onde tem muitos profissionais bons e ruins, onde muito vai depender da pessoa sabe, acho que você conquista conforme a enfase e a importância que você dá naquilo, então acho que pra quem está desmotivado é o momento de estudar mais, pesquisar mais, de saber mais e reacender esse fogo que se tem pelo ramo, pela profissão , por que quanto mais você vai se aprofundando, mais você vai pegando paixão por aquilo que realmente gosta, é o momento da pessoa se aprofundar em videos e filme, documentários...sobre a profissão , esses filmes e documentários dão um gás na gente , eu  vejo muito sobre o nascimento do hip hop, o surgimento do hip hop , eu acho sensacional , pois foi com o nascimento do hip hop que vieram os DJ de pegar o toca disco mesmo e fazerem as mixagens ali, acho quem isso me anima e quem está down pode fazer isso também . 

LDT : Conta do seu estilo musical , enaltece , vende sua musica , sua energia , fala o que vc precisa falar garota 

DJESS : Sou cria dos anos 90, uma 90’s bitch! Nesses meus poucos 22 anos de vida já fui roqueira e tive aversão ao rap na infância. Hoje em dia sou aquela que fica ao lado do palco vendo o MV Bill. Meu começo foi em baladas com temática pop, mas virei a “Rainha do Rolê” quando assumi uma festa black e vi que aquele estilo ali não era só meu nas roupas, mas sim na música. Sou aquela gótica suave que ouve Mano Brown no café da manhã, no almoço e no café da tarde. Sou aquela que às vezes vai à festa lgbt de moletom e touca e, nas festas de rap, vai mais montada que o Adore Delano. Meu foco principal nas festas é fazer as pessoas terem momentos marcantes na noite com a trilha sonora que eu estou oferecendo a elas, além de rebolarem MUITO! Vou do pop ao trap, ao ragga, ao rap, aos r&b numa conexão suave e impactante. Sou aquela preta que chega no lacre, pique Lin da Quebrada! A geração tombamento foi criada é chamada assim porque nós que fazemos parte dela somos tombo da cabeça aos pés e quem não anda preparado, escorrega na colina.




XL
Projeto Crespura, nov 2k16.
Photo: Gabriela Oliveira 
Edit: Luca F. Dalla Torre

Nenhum comentário:

Postar um comentário